NotíciasPáginas Heróicas

Pablito, humildade e gargalhada

Salve Nação Celeste!!!

CENA 1:

Eu, esse que vos escreve, evoluindo dia a dia na arte de driblar a toxicidade das redes sociais e conseguindo ser notado no Twitter por destacar craques, perebas e momentos do dia-a-dia histórico do Cruzeiro.

Meu grande espelho: um cara que era da TFC e que agora era só do Twitter e sua galera.

PABLITO, o Pai, como ele gostava de ser chamado.

Como ir do interior ao Mineirão nunca foi tarefa das mais fáceis, sobretudo pelo desafio da BR-381, comecei a anotar os passos do Pablito em dia de jogo.

Sabedor de que ele estaria no bar da Esplanada do estádio algum tempo antes do jogo, passei para minha família que eu iria lá para conhecer, bater papo, pedir uma foto (se é que tudo isso seria possível ante sua fama) com o Pablo.

Lá chegando, em meio a uma multidão que o rodeava e sonoras gargalhadas, levantei o dedo lá da porta. Ele me viu, perguntou se era com ele; eu indiquei que sim.

Ele veio até o lado de fora do bar e me apresentei humilde e muito tímido:

– Boa noite, Pablo. Sou o Rogério, de vez em quando marco você em minhas postagens do Twitter e queria demais tirar uma foto com você…

Ele deu um berro para a galera:

-PÁRA TUDO AÍ RAPAZIADA!!!!! QUEM QUISER, A HORA É ESSA: ROGÉRIO LÚCIO, FAMOSINHO DO TWITTER, ESTÁ AQUI EM CARNE E OSSO!!!!

Fiquei roxo de vergonha.

Veio gente de todo lado me parabenizar, e ele fez questão de tirar a foto no celular dele.

Vergonha passada, números devidamente trocados, estava ali eu muito orgulhoso do neo-amigo!

CENA 2: 20 de Novembro de 2017

Numa de nossas agora rotineiras conversas, ele me avisou que viria a serviço à minha João Monlevade, e que a gente poderia bater um papo.

Era uma segunda-feira, novembro de 2017.

Ele queria comida japonesa, mas seu amigo de trabalho insistiu num harburgão e lá nos encontramos.

Entre muitas conversas, ele falou demais de seus ídolos, Alex e Sorín, e de ter tido a sorte de já os ter encontrado.

Eu falei da simplicidade de outro craque: DIRCEU LOPES!

Tracei ali um paralelo entre eles; o amor e a servidão gratuita ao Cruzeiro, a humildade em tratar a todos de forma igual.

Falei de uma entrevista em que Dirceu chora ao falar do Cruzeiro em sua vida.

E ali, quase sem querer e conversando sobre a então recente conquista do Penta da Copa do Brasil, revelo a vontade de um dia conseguir poder ir à Toca da Raposa assistir a um treinamento.

Pablito se assustou.

– Como pode alguém que atingiu seu nível em história do Cruzeiro jamais ter ido à Toca?

Você é sócio?

Resposta positiva, Pablo tirou uma foto do meu cartão de sócio e enviou no Whatsapp de um amigo particular, ninguém menos que Klauss Câmara, diretor de futebol.

Seguiu-se uma mensagem de áudio:

– Klauss, sabe aquela minha carta na manga de realizar sonho de alguém?

Pois caso o treino do próximo sábado seja aberto, quero demais que esse cara e sua família assistam ao treino.

Positivo! Deu certo! Não é à toa que o cara é o Pai!

CENA 3: 25 de Novembro de 2017

Nome na lista.

Recepção de Raul Plasmann.

Agradecimento ao Klauss.

Fotos com Fábio, Léo, Henrique e com todos da conquista da Copa do Brasil 2017.

E indo embora, saindo da Toca, um senhor batia papo calmamente com a turma da portaria.

Fitei por algum tempo parecendo alguém muito familiar.

E fui às lágrimas ao ver ali à minha frente o Senhor DIRCEU LOPES MENDES.

Eu não consegui me conter.

Fiz a aproximação, aguardei com paciência, e quando me dirigi a ele me faltaram palavras.

Eu que havia acabado de ler sua biografia; que sabia decorado os passos daquele moço que com sua turma tirou o Cruzeiro de BH e levou para o mundo.

Eu que estava com minha camisa 8 da Umbro, escrito embaixo ‘DIRCEU LOPES’, simplesmente não consegui falar.

Apenas agradeci.

Ele ficou muito encabulado; sem graça, disse que não era pra agradecer nada.

Era um grande prazer, uma diversão de meninos.

E o primeiro encontro, com o craque PABLITO, me levou a um segundo com o craque DIRCEU.

CENA 4: 05 de Março de 2.021

Foram várias as resenhas com Pablito.

Uma delas, inesquecível, aconteceu no meio da rua em BH, numa festa organizada pela Metalzeiros em que fui convidado pelo ímpar Rodrigão.

E que o Pablo chegou para cobrir pela Transamérica sem saber que eu estava lá.

E eu, óbvio, sem saber que ele também ali estava.

Com sua tradicional camisa amarela do Raul, me puxou pelo braço e me botou ao vivo na rádio apresentando como ‘Famosinho do Twitter’ e sua tradicional gargalhada.

Ou no dia do Centenário, em que ele foi às lágrimas ao ver a linda carreata que ele havia sido um dos grandes mobilizadores, cicerone de tudo aquilo inesquecível que envolvia amor pelo Cruzeiro Esporte Clube.

Em Março, um vírus atingiu, o novo e temido coronavírus que desencadeava a Covid.

Após uma primeira noite de observação e sufoco respiratório, Pablo foi para sua casa.

Eu o telefonei e falando baixo, agradeceu ao apoio, às orações, e disse que voltaria mais forte, sonho e desejo comum ao nosso Cruzeiro, mas nada comparado ao reestabelecimento de sua saúde.

Não deu.

Três semanas depois, o vírus inflamou demais seus pulmões e nos tirou de seu convívio.

Eu poderia ter escrito esse texto há meses atrás, mas prefiro sempre me lembrar das pessoas boas que por mim passaram em seu aniversário.

23 de Julho é dia do Pai!

Feliz aniversário, PABLITO!

Daí de cima, receba meu abraço e gratidão de sempre por ter me colocado nas fitas mais legais do nosso Cruzeirão.

Devolva, em agradecimento, aquela saudosa gargalhada!

Fotos: Dom Total / Arquivo pessoal / Superesportes

Veja mais

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo