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Matheus Pereira revela luta contra depressão, álcool e ressalta reencontro no Cruzeiro

Matheus Pereira revelou luta contra depressão durante sua carreira

Camisa 10 do Cruzeiro, Matheus Pereira caiu nas graças da torcida celeste. No entanto, ele nem sempre esteve bem, como disse em depoimento ao The Players Tribune. Pois, revelou que lutou contra a depressão, fez uso de drogas e álcool excessivo durante sua carreira, mas se reencontrou no Cruzeiro.

Natural de Belo Horizonte, Matheus Pereira morou em diversos lugares antes de iniciar sua trajetória como jogador de futebol. Que começou, de fato, no Sporting, clube do futebol português. Mas ainda não foi fácil.

Pois em Portugal, consumia maconha e acabou sendo emprestado pelo Sporting diversas vezes, o que gerou as seguintes sensações: “Aquele peso, aquela sensação de que o mundo está contra você, aquela dificuldade de respirar, aquela certeza de que você é um inútil. As conquistas — e eu tinha muitas, apesar de tudo — não me diziam nada. Eu só afundava. Não adianta: eu sou esse cara que fica pingando de um lado pro outro e não deslancha em lugar nenhum. – Disse Matheus Pereira

Um dos empréstimos foi ao West Bromwich, onde o meio-campo se destacou, ainda que o clube tenha sido rebaixado, ressaltou ele mesmo: “Nas duas temporadas, eu fui destaque do West Brom. Performei com uma regularidade que nunca havia tido. Mas isso não impediu que a equipe voltasse para a segunda divisão.”

Diante disso, ele foi vendido ao Al-Hilal, da Arábia Saudita, e voltou novamente a ter problemas com a depressão: “Em West Bromwich a gente participava de uma pequena comunidade cristã e isso me fortalecia, eu estava amparado. Na Arábia Saudita, não tinha. Também comecei a sentir falta dos meus pais e não conseguia encontrar uma maneira de retomar o contato com eles. Então, um dia eu acordei e a escuridão tinha se instalado na minha alma.”

Na sequência, Matheus Pereira revelou o desejo de desistir do futebol: “Pedi para sair do Al-Hilal sem saber aonde ir. Naquela altura, eu não queria ir para lugar nenhum. Eu não queria nada, não tinha mais prazer em nada, não prestava para nada. Eu era um nada. Já tinha desistido de jogar futebol.”

Passagem no Al-Wahda

Outro clube em que o atleta jogou foi o Al-Wahda, e onde a depressão se intensificou ainda mais: “Eu queria me livrar de tanto sofrimento que eu nem entendia de onde vinha. Tinha noite que eu bebia três garrafas de vinho. Treinei bêbado várias vezes e fiquei outras tantas internado no hospital com hipocalemia, tomando soro para tratar a falta de potássio no sangue, porque eu não me alimentava, só ingeria álcool.”

Ainda no clube árabe, Matheus Pereira procurou ajuda: “Fui fazer terapia, quatro sessões por semana, e isso me ajudou como nada tinha sido capaz antes. Mas demorou pra eu desistir de morrer.” 

Além disso, destacou que havia decidido não retornar a Árabia: “Naquela altura, eu já tinha prometido à minha esposa e a mim mesmo que não voltaria de jeito nenhum para a Arábia e não cumpriria o restante do contrato no Al-Hilal.”

Reencontro no Cruzeiro

No seu caminho, Matheus Pereira foi treinado por Luis Castro, que havia dito a ele: “Miúdo, na vida, às vezes, quando a gente não consegue sozinho, tem que deixar outro nos guiar. Fique calmo. Sempre haverá estrelas iluminando o céu, mesmo que você não as veja por causa dos dias nublados.”

Calhou das estrelas no horizonte de Matheus Pereira ser o Cruzeiro, e o meia declarou: “O caminho quem me mostrou foram as cinco estrelas mais bonitas do céu. Aquelas cinco que brilham sobre um azul infinito e glorioso. Quando o Cruzeiro me procurou, eu imaginei as cinco estrelas brilhando em cima do meu coração e falei: “Caracaaa, é isso!”

Ele revelou, como já sabido, ser cruzeirense desde pequeno, e no clube celeste, de fato tem vivido grande fase: “Se podia dar certo, se havia alguma esperança, o Cruzeiro era o meu único caminho. Juntei as minhas coisas em Portugal e, ansioso, pela primeira vez fiz uma grande mudança por livre e espontânea vontade.” – Disse Matheus Pereira

Por fim, sobre o Cruzeiro, Matheus destacou o reencontro: “No Cruzeiro eu reencontrei mais do que paz. Eu me reencontrei. Parece bobagem, mas não é. Porque no meio da escuridão, e eu andei muito por lá, a coisa mais difícil que tem é a gente se reconhecer. E isso piora demais uma situação que já está ruim. A gente não sabe mais quem é.”

Diego Marinho

Mineiro, 31 anos. Graduado em História, setorista do Cruzeiro no Diário Celeste.

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