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Trapaceiros desde sempre!

Salve Nação Celeste!!!

A história contemporânea do futebol mineiro traz a Federação Mineira carregando em seu colo seu filho único. A mais recente ajuda? Fazer seu time de coração ganhar um campeonato saindo de casa apenas duas vezes em quinze rodadas.

Roubos descarados, ajudas descabidas, árbitros claramente tendenciosos.
Novidade?

Nenhuma, pois isso vem desde sempre.
Quando o nosso Palestra, time vindo do povo, ganhou o Tricampeonato Mineiro de 1928, 29 e 30, uma armação suja e uma virada de mesa impensável quase nos fizeram perder o que era nosso por legitimidade. Tudo armado nos abastados salões de Lourdes.

Vamos à história!

O Campeonato de 1928 era em pontos corridos, com nove equipes se enfrentando em turno e returno.
Nesse ano o Palestra estabeleceu três recordes que perduram quase centenários:

  • A maior goleada do futebol mineiro, 14 a 0 sobre o Alves Nogueira
  • O maior artilheiro de uma partida só em Minas, Ninão, que fez 10 gols nesse jogo citado
  • O maior artilheiro em um único campeonato disputado em Minas, o mesmo Ninão, com absurdos 43 gols em 16 jogos

Campeão inconteste, com 13 vitórias, 2 empates e apenas uma derrota, e 93 gols marcados.

Havia uma determinação da Liga Mineira de que o time que vencesse por três vezes consecutivas o campeonato levaria definitivamente a Taça de Campeão da Cidade.

O time de Lourdes vinha de vencer os torneios de 26 e 27, e não se deu por satisfeito ao perder o torneio de 1928 para o Palestra.

Eis então que o Conselho Técnico da Liga acatou uma denúncia vinda de São Paulo contra o craque espanhol e recém contratado Fernando Carazo.
Alegavam que o jogador palestrino deveria por regra ter cumprido um ano obrigatório de estágio no Palestra Itália Paulista antes de se transferir para BH.

A Associação Paulista confirmou a denúncia e o Palestra foi punido perdendo 14 pontos dos jogos que houvera vencido com Carazo em campo.
Carazo foi suspenso pena CBD por 6 meses e o Athletico declarado Tricampeão da Cidade, ganhando assim o direito perpétuo ao troféu.

Não satisfeitos com a punição, dados os relatos do jogador e dos dirigentes palestrinos de São Paulo, os diretores do Palestra pediram uma investigação junto à CBD dos documentos vindos da Associação Paulista, e descobriram que se tratava de uma grande fraude.

Os documentos de SP foram adulterados por um funcionário corintiano que queria prejudicar a imagem do seu rival.
Contou em BH com o aval de um funcionário athleticano, que burlou os documentos de transferência de igual forma para que falassem a mesma língua.

Descoberta a vergonha, o engano foi desfeito e as punições retiradas.
Carazo estava livre para jogar.
E agora o Palestra era campeão de fato e de direito.

Em 1929, o título foi ainda mais marcante:
14 JOGOS, 14 VITÓRIAS!

E outra armação.
O sucesso do time de operários começou a doer nos adversários abastados e na Federação (denominada à época de Liga Mineira de Desportos Terrestres – LMDT).

Tudo que o Palestra adotava por legal, os adversários ajeitavam uma forma de punir.
Com regulamentos escusos ou mal redigidos, tudo era motivo para brecha.

Os times se uniram à Liga e avisaram que não jogariam em Nova Lima, alegando más condições do campo. Apenas Palestra, Calafate e Alves Nogueira toparam jogar na casa do Villa Nova.
Assim, o Villa desistiu do campeonato para que os outros três times não fossem punidos, uma vez que seu campo houvera sido retirado do cadastro de campos oficiais do torneio.

Pouco mudou; em 14 jogos o Palestra anotou 82 gols, média de quase 6 gols por partida.
Nova artilharia para Ninão (33 gols) e uma goleada por 5-2 sobre o time de Lourdes, os Filhos da Liga.

Surgia ali a ACADEMIA DO BARRO PRETO!
O ‘TIME POESIA’!

Em 1930, a Academia conquistou o Tricampeonato.
Novamente invicto.
Novamente sem sequer empatar alguma das suas partidas.
Outra vez com Ninão jogando muito, artilheiro de novo com 18 gols.

Só que dessa vez o golpe veio forte.
O time de Lourdes abandonou o campeonato por raiva e teve seus resultados anulados, terminando numa vergonhosa última colocação.

Tudo começou quando seu atacante Cunha ofendeu torcedores do América, foi denunciado em súmula e suspenso por 4 partidas.
Começava ali uma briguinha de Pai e filho.

Num segundo episódio, o delegado da partida entre eles e o Calafate relatou uma agressão do jogador Geraldino sobre Mulato, do adversário.
Numa crise de nervos e debates sobre teorias conspiratórias de que a Liga estava trocando de preferido, o time do Athletico resolveu abandonar o campeonato com raiva das punições sofridas pelo descontrole de seus atletas.

Tricampeão! 28, 29 e 30! Posse definitiva da Taça, certo?
Nem tanto.
Sem qualquer argumento, a Taça não foi repassada ao Palestra.
Sem problemas.
Um associado palestrino havia guardado como souvenir a bola da goleada por 5×2 sobre o rival trapaceiro.
Essa bola foi para a vitrine e ficou mais importante que a Taça!

Era a vitória do time do povo sobre a inveja e a trapaça!
A primeira de tantas outras que viriam em 100 anos!

Fotos: Site do Cruzeiro / Campos Invisíveis / Globo Esporte

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