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Superação: A maior goleada da história do Mineirão

Salve Nação Celeste!!!

Uma das coisas que mais gosto é de contar histórias pouco conhecidas do Cruzeiro.
A história do Roberto César é uma dessas, de superação e idolatria, ainda que pouco conhecida.

Roberto César veio cedo para o Cruzeiro, aos 14 anos; vindo de Brasília, subiu ao time principal com Joãozinho, seu companheiro de ataque desde os juvenis.
Subiu em 74 mas tinha poucas chances de jogar, especialmente quando se tinha como principal concorrente o gigantesco Palhinha.

Assim foi emprestado ao Operário – MS, por onde se destacou em 77.
Com a venda de Palhinha ao Corinthians, Roberto César voltou e arrebentou em 78 e 79, mesmo com o time em franca descendência.
O esquadrão que ganhou a Libertadores em 76 havia envelhecido; muitos saíram e a grana acabou.
Mesmo assim Roberto César conseguiu se destacar, ficando em segundo na tábua de artilheiros do Campeonato Brasileiro de 79 com 12 gols, um apenas atrás de César do América do Rio.

Essa era a expectativa para o vindo ano de 1980.
Essa era a esperança: que Roberto César estourasse e levasse consigo um time então meio capenga.

Ninguém contava porém com um grave acidente.
Em Janeiro de 80, recém-chegado de sua lua-de-mel, Roberto César foi acender um fósforo para ligar seu fogão.
Sem perceber um grave vazamento de gás no cômodo fechado, a explosão foi inevitável.
Ele e sua esposa se feriram com gravidade. Ambos se salvaram.
Mas Roberto sofreu.

O atacante teve um terço de seu corpo atingido, sofrendo queimaduras de primeiro e segundo graus no rosto, braços e pernas.
O médico do Cruzeiro, Doutor Ronaldo Nazaré morava perto e foi rapidamente acionado pelos vizinhos; foram três meses entre a luta pela vida, a recuperação plena e a volta ao trabalho.

Roberto voltou aos treinos no final de Março; em pleno verão, calor, e ele lá treinando de pomada no rosto e roupa comprida nos braços e pernas para proteger as queimaduras.

O esforço compensou.
Roberto César voltou com fome de gol.
Foi o vice-artilheiro do Cruzeiro na temporada anotando 15 gols (Mauro Madureira marcou 24 gols).

E um jogo foi especial.
A maior goleada da história do Mineirão.
E o maior artilheiro em um único jogo do estádio.

Pelo Campeonato Mineiro, em 09 de Outubro de 1980, o Cruzeiro massacrou o pobre Flamengo de Varginha por incríveis 11 a 0.
Roberto César marcou cinco gols.
Mauro Madureira marcou quatro e ainda perdeu um pênalti, deixando escapar essa chance de recorde compartilhado.

O Cruzeiro partiu logo para cima e o artilheiro da noite abriu o placar aos 4 minutos de jogo.
Sentindo facilidade, o time deixou de atacar e enfureceu o treinador Ílton Chaves, que bronqueou severamente.

Só aos 25 minutos o Cruzeiro voltou a marcar, de novo com Roberto.
Aos 43, 3-0, gol de Mauro.
Luiz Antônio, goleiro celeste, só assistia àquele jogo de ataque contra defesa.

Só que a bronca de Ilton desceu aos vestiários.
O time voltou com os brios mexidos e marcou oito gols nos 45 minutos finais.
Roberto César fez mais três e gravou seu nome para sempre no Mineirão e no Cruzeiro.

Ele ainda jogou aqui no começo do ano seguinte, quando se transferiu para a Portuguesa.
Anotou ao todo 64 gols com a camisa celeste nos três anos em que atuou regularmente.

Uma história de superação pessoal em tempos difíceis tanto administrativa quanto tecnicamente.
Qualquer semelhança com os dias atuais não poderia ser apenas coincidência.
Ou seria?

Fotos: Blog do Chico Maia / Youtube / Cruzeiropedia

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