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O primeiro grito de Gol

Salve Nação Celeste!!!

Sei que você, cruzeirense, pode agora fechar os olhos e se lembrar, por exemplo dos gols da final da Copa do Brasil de 2018, de Robinho e Arrascaeta.

Dos pênaltis da final anterior, em 2017.

Os mais saudosistas, do gol moleque de Joãozinho na Libertadores de 76.

O pé direito do Elivelton.

Aquela falta do Geovanni

Mas qual foi o primeiro grito de gol saído da garganta de algum torcedor celeste?

Quem o fez?

Quando?

Vamos voltar a máquina do tempo dessa paixão centenária a 1.921.

Era março de 1921; o recém-fundado tricolor Palestra Itália, com apenas dois meses de existência, acabara de se inscrever na LMDT (Liga Mineira de Desportos Terrestres) para disputar seus torneios.

Ao fazê-lo, recebeu de cara 16 atletas vindos do Yale, o time pré-existente da comunidade italiana de BH, o que inclusive gerou certo mal-estar entre as duas agremiações.

O neo-time, Societá Sportiva Palestra Italia, treinava nos horários de folga de seus ‘atletas’.

Deixei ‘atletas’ entre aspas porque nada mais eram do que descendentes de italianos nascidos em BH, trabalhadores da construção civil, das padarias, caminhoneiros, marceneiros… diferente dos já existentes América e Atlético, em que seus jogadores eram filhos dos aristocratas abastados da cidade, estudantes universitários que já haviam se organizado entre futebol e estudos.

Para participar de seu primeiro torneio, o time que treinava sob os olhos de um combinado técnico vindo da Casa de Itália da Rua Tamóios precisava medir forças contra alguém para medir sua capacidade de ir além ou de ainda ter que melhorar muito.

Foi assim então marcado um amistoso.

O adversário seria o já famoso Villa Nova AC, fundado 13 anos antes na cidade de Nova Lima, enxertado com jogadores do Palmeiras da mesma cidade.

O confronto fora marcado para o dia 03 de abril, no Prado. Havia ali um Hipódromo e no centro gramado improvisaram um campo de futebol.

Naquela tarde de sol, três meses após sua fundação, 1.500 pessoas se espremeram nas arquibancadas para ver o novo time em ação pela primeira vez. A maioria era composta de italianos e suas famílias querendo ver seus filhos jogando bola.

O Palestra entrou em campo com:

Nullo, Polenta e Ciccio

Américo, Checcino e Bassi

Lino, Spartaco, Nani, Henriqueto e Armandinho

Pois às 14:30 horas daquela tarde de sol o Palestra Itália rolou a pelota pela primeira vez.

E às 14:46 hs, saiu o primeiro gol.

NANI!!!!!

Pedreiro de profissão, João Lazarotti era center-forward (centroavante) por seu dom nato de fazer gols. Inteligente, buscava a bola como um meia e sabia se livrar e antecipar às defesas adversárias para se tornar artilheiro.

Assim o fora no Yale. Assim seria no Palestra!

Nani também fez o segundo gol aos 07 minutos do segundo tempo e garantiu a vitória por 2-0 no primeiro jogo da vida do Cruzeiro Esporte Clube.

Mal sabia ele do tamanho da história que ali ele estava escrevendo.

Sequer imaginava que viriam Dirceu, Tostão, Alex e Fábio.

Conquistariam o Brasil, a América

Nani jogou no Palestra até 1925, quando se mudou de bairro e com pouco dinheiro para condução, acabou trocando o Palestra do Barro Preto pelo Sport Club Calafate, do bairro novo onde foi morar.

Mas não largou o coração palestrino. Virou um torcedor anônimo nos bancos e barrancos onde atuava o Palestra.

Corneta, se irritava com os atacantes impetuosos que perdiam gols fáceis.

Daqueles que ele não perderia.

Senão não teria feito história…


*Fotos: Cruzeiropedia / Arquivo do Cruzeiro para o Hoje em Dia / Facebook: Centenário do Cruzeiro

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