A tragédia de Nininho

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Salve Nação Celeste!!!
Fosse vivo, Otávio Fantoni, o NININHO, teria feito aniversário no último domingo (04) de Páscoa.
Nascido em 04 de abril de 1907, filho de italianos que conheceu o futebol nas ruas de Belo Horizonte e começou a jogar de forma amadora, no Tupi do bairro Santo Antônio.
Dois primos seus jogavam no recém-fundado e federado Palestra Itália.
Ninão e Niginho, já conhecidos no meio futebolístico mineiro, convidaram, insistiram, e Nininho foi jogar no time do Barro Preto.
Canhoto e forte, Nininho era um meia que cobria quase todo o lado esquerdo do campo, da defesa ao ataque. Fez parte do famoso ‘time-poesia’ tricampeão mineiro de 28 a 30.
Em 1930 um observador italiano veio a BH ver jogar o time poesia de Matturio Fabbi.
Ficou especialmente encantado com o meia-esquerda Nininho e com o artilheiro Ninão.
Logo chegou aos dirigentes palestrinos um telegrama informando do interesse da Lazio da Itália em querer levar para a ‘bota’ os primos Fantoni.
Não levando aquilo tudo muito a sério, responderam solicitando então uma garantia financeira para a mudança, a viagem, gastos iniciais que provisionassem a boa travessia de oceano para seus atletas.
Dinheiro depositado, em abril de 1931 lá foram eles atravessar o mar, os primeiros brasileiros a se transferirem para o futebol italiano.
O sucesso de Nininho foi imediato!
Titular do time romano, melhor ala esquerdo do campeonato italiano por três anos seguidos e a consecutiva convocação para a seleção da Itália que disputaria as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1934. E só não jogou a Copa devido a uma contusão.
Isso fez com que a Lazio abrisse os cofres ao atletas brasileiros.
Niginho, outro Fantoni do Palestra, também foi jogar lá. E nada menos que mais 10 brasileiros também embarcassem nessa viagem.
Mas a tragédia resolveu cruzar o caminho de Otávio Fantoni.
Era 20 de Janeiro de 1935.
Inverno, metade da temporada italiana.
O jogo era Torino e Lazio.
Numa disputa normal de lance, Nininho e o jogador Fioravante Baldi da Torino se chocaram fortemente.
Nininho fraturou o nariz e teve que ir ao hospital corrigir o que até então era uma fratura comum, de jogo. Corrigida a fratura, os médicos então esperavam a lesão evoluir para dar alta a Nininho.
Mas passadas duas semanas de internação e sem a evolução aguardada, Nininho foi acometido a uma infecção hospitalar.
Uma sepse, poucas explicação, e óbito em 08 de fevereiro de 1935, aos 27 anos e na plenitude físico-técnica.
O luto se alastrou no mundo do futebol, levando o tradicional jornal Corriere Dello Sport a estampar em manchete ‘O luto do futebol italiano – A morte de Otávio Fantoni’.
O cortejo fúnebre de Nininho cortou a cidade de Roma.
Seu caixão foi carregado por jogadores rivais de Roma e Lazio.
Findava-se assim a vida e a carreira do primeiro ídolo internacional da história do Cruzeiro.
Gravava-se mais um dos grandes da famiglia Fantoni, eterna e histórica!
* Fotos: Gramho / Globo Esporte / Twitter: Campos de BH / Debatezeiros
Matéria espetacular, Rogério, um pouco da história desse gigante Italo-mineiro que poucos Cruzeirenses conhecem. Parabéns!