Campeonato Brasileiro de 1966 – Títulos do Cruzeiro

O Campeonato Brasileiro de Futebol¹ de 1966 foi a oitava edição do torneio nacional, e o Cruzeiro consagrou-se campeão invicto dessa competição histórica.

Essa edição do Campeonato Brasileiro contou com a participação de 22 equipes. Graças à conquista do Campeonato Mineiro de 1965, o Cruzeiro representou Minas Gerais no torneio.

As equipes participantes foram: Cruzeiro, Santos, Palmeiras, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Náutico, Vitória, CSA, Paysandu, Campinense, ABC, Confiança, Flamengo-PI, Sampaio Corrêa, Rio Negro-AM, Ferroviário-PR, Internacional de Lages-RS, Anápolis-GO, Rabello-DF, Americano-RJ e Desportiva-ES.

O Cruzeiro alcançou o título ao vencer, nas finais, o lendário Santos de Pelé. A equipe celeste venceu as duas partidas decisivas: 6 a 2 no Mineirão e 3 a 2 no Pacaembu. Esse triunfo marcou não apenas uma conquista incontestável, mas também foi um divisor de águas para a maior integração nacional dos clubes e o fortalecimento das equipes fora do eixo Rio-São Paulo.

A estreia do Cruzeiro na competição ocorreu contra o Americano, em 7 de setembro de 1966. A partida, realizada no estádio Godofredo Cruz, em Campos-RJ, terminou com uma vitória expressiva por 4 a 0. Os gols foram marcados por Tostão, Natal, Zé Carlos e Evaldo. Na volta, disputada no Mineirão, em 14 de setembro, o Cruzeiro goleou novamente: 6 a 1, com gols de Evaldo (2), Marco Antônio (2), Zé Carlos e Zé Alcindo (contra).

Na fase seguinte, o Cruzeiro enfrentou o Grêmio. O primeiro jogo, realizado em 9 de outubro no estádio Olímpico, em Porto Alegre, terminou empatado em 0 a 0. No entanto, no jogo de volta, no Mineirão, em 23 de outubro, o Cruzeiro venceu por 2 a 1, com gols de Marco Antônio e Tostão, enquanto Volmir marcou para o Grêmio.

Nas semifinais, o adversário foi o Fluminense. No primeiro confronto, realizado em 9 de novembro, no Mineirão, o Cruzeiro venceu por 1 a 0, com gol de Evaldo. No jogo de volta, disputado em 23 de novembro, no Maracanã, nova vitória celeste: 3 a 1, com gols de Evaldo (2) e Dalmar, enquanto Piazza marcou contra.

Na decisão, o Cruzeiro enfrentou o Santos de Pelé, considerado à época o melhor time do mundo, e que havia vencido as cinco edições anteriores do Campeonato Brasileiro (1961-1965), além de dois títulos da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes (1962 e 1963).

A primeira partida ocorreu em 30 de novembro, no Mineirão, e foi uma das mais marcantes da história do estádio. A goleada por 6 a 2 sobre o Santos chocou o mundo do futebol. Os gols da goleada histórica foram marcados por: Zé Carlos (contra) 1’ (1-0), Natal 5’ (2-0), Dirceu Lopes 20’ (3-0) e 39’(4-0), Tostão 42’ (5-0), Toninho 51’ (5-1) e 54’ (5-2) e Dirceu Lopes 72’ (6-2).

Na partida de volta, disputado em 7 de dezembro, no estádio Pacaembu, o Santos precisava vencer para forçar um terceiro jogo. No primeiro tempo, os santistas fizeram um início arrasador, terminando a etapa inicial com vantagem de 2 a 0, com gols de Pelé e Toninho.

No intervalo, segundo o historiador Henrique Ribeiro, Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista de Futebol, foi ao vestiário celeste para discutir a data do terceiro jogo. Porém, Felício Brandi, presidente do Cruzeiro, respondeu que o terceiro jogo não seria necessário, pois sua equipe viraria o placar.

Felício, de fato, tinha razão. No segundo tempo, o Cruzeiro voltou a demonstrar o mesmo futebol brilhante apresentado na primeira partida da decisão. Como resultado, a equipe celeste virou o placar para 3 a 2 e garantiu, assim, o título inédito. Com essa vitória histórica, o Cruzeiro foi campeão brasileiro pela primeira vez, encerrando a longa hegemonia do Santos no futebol nacional.

Em 2016, Pelé, ao relembrar dessas finais em uma entrevista ao Globo Esporte, comentou:
“Foi uma grande surpresa para nós, do Santos Futebol Clube, que, naquela época, éramos considerados imbatíveis. Não posso esquecer como foi difícil jogar contra o Cruzeiro nessa final. Era um time muito organizado, com um toque de bola impressionante entre Dirceu Lopes, Tostão, Piazza, entre outros. E o goleiro Raul, com sua camisa amarela, foi uma novidade marcante.”

Oitavas de final

Jogo: Americano 0x4 Cruzeiro
Local: Campo do Goytacaz (Ari de Oliveira) – Campos (RJ)
Público: 15.000
Árbitro: Joaquim Gonçalves Silva
Gols: Tostão 15′, Natal 35′, Zé Carlos 47′ e Evaldo 90′
AME: Bocão (Dias); Joel, Zé Henrique, Marcinho e Zé Alcindo; Boca e Adalberto (César); Edinho, Gessi, Geraldo Brás e Paulo Roberto.
Técnico: José Damas Ortiz
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Cláudio e Neco; Wilson Piazza e Dirceu Lopes (Zé Carlos); Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira.
Técnico: Airton Moreira

Jogo: Cruzeiro 6×1 Americano
Local: Mineirão – Belo Horizonte (MG)
Público: 6.531
Árbitro: Altamir Vieira
Gols: Evaldo 6′ e 86′, Marco Antônio 24′ e 50′, Paulo Roberto 59′, Zé Carlos 79′ e Zé Alcino (contra) 89′
CEC: Raul (Tonho); Ílton, William, Cláudio e Neco; Wilson Piazza e Zé Carlos; Natal, Evaldo, Marco Antônio e Hilton Oliveira.
Técnico: Airton Moreira
AME: Dias; Biduca, Zé Henrique, Marcinho e Zé Alcindo; Gilberto e César (Adalberto); Edinho, Gessi, Geraldo Brás e Paulo Roberto.
Técnico: José Damas Ortiz

Quartas de final

Jogo: Grêmio 0x0 Cruzeiro
Local: Olímpico – Porto Alegre (RS)
Árbitro: Armando Marques
GRE: Arlindo; Altemir, Aírton, Áureo e Ortunho (Everaldo); Cleo e Sérgio Lopes; Vieira, Joãozinho, Alcindo e Volmir.
Técnico: Luís Engel
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Cláudio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira
Técnico: Aírton Moreira

Jogo: Cruzeiro 2×1 Grêmio
Local: Mineirão – Belo Horizonte (MG)
Público: 38.455
Árbitro: Claudio Magalhães
Gols: Vieira 47′, Marco Antônio 51′ e Tostçao (p) 61′
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Cláudio e Hilton Chaves; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Evaldo (Marco Antônio) e Hilton Oliveira
Técnico: Aírton Moreira
GRE: Arlindo; Altemir, Aírton, Áureo e Everaldo; Sérgio Lopes e Paíca; Vieira, Joãozinho, Alcindo e Volmir.
Técnico: Luís Engel

Semfinais

Jogo: Cruzeiro 1×0 Fluminense
Local: Mineirão – Belo Horizonte (MG)
Público: 49.439 (55.000 total)
Árbitro: Cláudio Magalhães
Gol: Evaldo 30″
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Procópio, Neco; Piazza, Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Evaldo, Hilton Oliveira.
Técnico: Aírton Moreira
FLU: Jorge Vitório; Oliveira, Caxias, Altair e Bauer; Denilson, Jardel (Roberto Pinto), Amoroso, Samarone, Mário e Lula.
Técnico: Tim

Jogo: Fluminense 1×3 Cruzeiro
Local: Maracanã – Rio de Janeiro (GB)
Público: 22.272
Árbitro: Joaquim Gonçalves
Gols: Evaldo 13′ e 50′, Dalmar 27′ e Wilson Piazza (contra) 89′
Expulsões: Procópio e Samarone
FLU: Jorge Vitório; Oliveira, Caxias, Altair e Bauer; Roberto Pinto, Jardel (Samarone), Walmir, Jorge Luís e Lula e Gilson Nunes.
Técnico: Tim
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Procópio, Neco; Piazza, Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Evaldo, Dalmar (Wilson Almeida).
Técnico: Aírton Moreira

Finais

Jogo: Cruzeiro 6×2 Santos
Local: Mineirão – Belo Horizonte (MG)
Renda: Cr$ 222.314.600,00 (recorde brasileiro)
Público: 77.325
Árbitro: Armando Marques
Gols: Zé Carlos (contra) 1′, Natal 5′, Dirceu Lopes 20′, 39′ e 72′, Tostão (p) 42′, Toninho Guerreiro 51′ e 54′
Expulsões: Procópio e Pelé
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.
Técnico: Aírton Moreira
SAN: Gilmar; Carlos Alberto, Mauro, Oberdã e Zé Carlos; Zito e Lima; Dorval, Toninho, Pelé e Pepe.
Técnico: Lula

Jogo: Santos FC 2×3 Cruzeiro EC
Local: Pacaembu – São Paulo (SP)
Renda: Cr$ 65.142.000,00
Público: calculado em 30.000
Árbitro: Armando Marques
Gols: Pelé 23′, Toninho Guerreiro 25′, Tostão 63′, Dirceu Lopes 73′ e Natal 89′
SAN: Cláudio; Lima, Haroldo, Oberdã e Zé Carlos; Zito e Mengálvio; Amauri (Dorval), Toninho, Pelé e Edu.
Técnico: Lula
CEC: Raul; Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hilton Oliveira.
Técnico: Aírton Moreira.

Botão Voltar ao topo